Em 15 de maio, Lisboa acolheu uma jornada multidisciplinar que reuniu arte, pensamento e tradição, organizada pela Obra Cultural FUNIBER e Universidad Europea del Atlántico (Universidade Europeia do Atlântico, UNEATLANTICO), com a colaboração da Universidade Autônoma de Lisboa (UAL), do Grupo Autónoma e do Instituto Cervantes. A professora Nancy Elena Ferreira Gomes, diretora-executiva da FUNIBER em Portugal e catedrática da UAL, desempenhou um papel central na coordenação desse evento, que incluiu a inauguração das exposições A vida é sonho (La vida es sueño), de Salvador Dalí, e A melodia ácida (La melodía ácida), de Joan Miró, além de conferências e apresentações que reforçaram o vínculo cultural entre Espanha e Portugal.
O objetivo dessa dupla exposição, sob o título Arte além do Palácio, rumo a Cervantes: uma exposição, dois lugares (Arte más allá del Palacio rumbo a Cervantes: una exposición, dos lugares), é apresentar e celebrar a riqueza e a diversidade da arte espanhola, destacando as obras de Salvador Dalí e de Joan Miró em uma proposta itinerante que ocorre no Palácio dos Condes de Redondo, sede da UAL, e, do outro lado da mesma rua (Santa Marta), no Instituto Cervantes.
A cerimônia de abertura da exposição, aberta ao público até 31 de julho, contou com a presença de Fernando Martins, administrador da Universidade Autônoma de Lisboa (UAL); Richard Bueno Hudson, diretor do Instituto Cervantes, e F. Álvaro Durántez Prados, diretor de Relações Institucionais da FUNIBER, que enfatizaram a importância de divulgar a cultura, a arte e a tradição espanholas.
Em seguida, realizou-se uma conferência conduzida por Federico Fernández Diez, diretor da Obra Cultural FUNIBER e UNEATLANTICO. Posteriormente, a professora Nancy Elena Ferreira Gomes moderou uma mesa redonda com a participação de: Luisa Godinho, professora da UAL, membro do Conselho Científico da SOAS da Universidade de Londres e consultora do Institute for Global Local Culture Studies (IGLCS), da Universidade de Daejeon, na Coreia do Sul; Raquel Henriques da Silva, professora do Departamento de Arte da Universidade Nova de Lisboa, pesquisadora e ex-diretora do Instituto Português de Museus e do Instituto de História da Arte; e Miguel Figueira de Faria, professor da UAL, pesquisador em história da arte, urbanismo e patrimônio. Todos contribuíram com seu conhecimento em diversas áreas relacionadas à arte e à cultura.
O público, então, desfrutou de uma apresentação de dança flamenca do grupo Rueda Flamenca, que resgata aspectos tradicionais da cultura espanhola combinados com elementos contemporâneos da arte flamenca. Por fim, houve um tour pelas exposições A vida é sonho e A melodia ácida.
Às 17h00, inaugurou-se a coleção A vida é sonho, composta por 28 gravuras de Salvador Dalí inspiradas na obra de Calderón de la Barca. São gravuras clássicas de alta qualidade, em cores, em preto e branco e em sépia, feitas por Dalí para ilustrar sua visão particular da peça A vida é sonho, que estreou em 1635. Nessa obra, Calderón de la Barca propõe uma reelaboração de uma série de narrativas da tradição oriental e ocidental sobre o poder de influência dos horóscopos e a relação entre a vida e o sonho.
A coleção A melodia ácida, por sua vez, foi inaugurada às 17h30. Trata-se de uma série de 14 litografias que Joan Miró produziu em 1980 para o livro La Mélodie Acide, de Patrick Walberg, escritor especializado em pintores surrealistas e autor de inúmeros textos sobre Miró. Nessa série, o artista estabelece um jogo lúdico de formas e cores, que parecem dançar ao ritmo de uma música imaginária. A exposição “é concreta, rara e específica”, destaca Federico Fernández Diez, curador da Obra Cultural FUNIBER.